História do Bairro



Localização Geográfica


O Bairro da Boavista está localizado na Freguesia de Benfica a nordeste da cidade de Lisboa, entre o Parque Florestal de Monsanto, o Estádio Pina Manique e a CRIL (Circular Regional Interior de Lisboa).
No extremo poente da cidade, junto ao parque florestal, entre a estrada da circunvalação (ex-estrada militar) e o complexo desportivo de Pina Manique foi implantado o Bairro da Boavista.

Consta que os terrenos que eram propriedade de José Francisco de Melo Travassos Valdez 4º Conde de Bonfim – titulo criado pela Rainha D. Maria II, por decreto de 4 de Abril de1938, em favor de José Lúcio Travassos Valdez, 1º Barão Conde Bonfim.

O Bairro da Boavista pertence à Freguesia de Benfica e está situado a 2.2 km de distância da sede da Junta e a 8.8 km dos Espaços do Conselho (câmara Municipal de Lisboa). Em 1940 face a não existência de transportes públicos a população tinha que ir a pé para o trabalho.



Em algumas zonas circundantes ao bairro ainda é possível observar nas placas com que se referem ao Bairro da Boavista como “Bela Vista” / Boa Vista”. A paisagem seria bem diferente da actual, podia-se ver os campos e a Serra de Sintra. O pôr-do-sol era possível ser olhado em plenitude. Hoje estes campos deram origem a zonas industriais, a novos parques habitacionais e às novas acessibilidades que em muito alteram a paisagem e os modos de vida.


A Origem do Bairro

A origem do Bairro da Boavista remonta a 1938. Portugal era pouco industrializado, com serviços tradicionais e domésticos e com uma das economias mais baixas da Europa.

Pela lei nº 28912 de 1938 foi criado o Programa de Casas Desmontáveis. Era uma nova modalidade que com rapidez permitia fazer face às necessidades de realojamento. Após a eliminação das zonas de barracas que foram criadas ao longo da cidade.

O Bairro foi destinado a populações com carências sociais, que habitavam clandestinamente em zonas da cidade que, devido às obras públicas (viaduto Duarte Pacheco e “Ponte Salazar”) foi necessário realoja-las.

A escritura desta primeira fase da construção do bairro foi marcada por: empreitada das terraplanagens; esgotos; e pavimentação e foi orçamentada por 800 mil euros: Foi concretizada a 13 de Junho de 1939, sendo as obras concluídas a medida que iam sendo executadas as montagens das 488 casas.

O orçamento do material:



Ocupação das Casas

“No Bairro da Boavista foram construídas 488 casinhas, muito lindas, batidas pelo sol” – Noticia Jornal A Voz.

Começou a ser ocupado no dia 8 de Dezembro de 1940, por antigos moradores das diferentes zonas do parque florestal de Monsanto, vindo de barracas que a Câmara Municipal de Lisboa mandou demolir… Procurou-se também que as famílias escolhidas para viver no bairro fossem aquelas que pela sua situação económica não pudessem pagar noutro sítio rendas mais altas.

 Todos os Domingos de Dezembro e Janeiro (1940/41) continuavam vir para o bairro grupos de 40 a 60 famílias, às quais se entregava logo a chaves das suas casas.

Em Outubro de 1941 o Bairro da Boavista foi notícia em vários jornais, devido ao seu valor histórico que levou várias pessoas ilustres a visitarem o bairro, nomeadamente o presidente da Câmara, Vereadores e Conde Bonfim. No mesmo mês a Câmara Municipal de Lisboa comunicou à Comissão Administrativa que desejava fazer no dia 25 a inauguração oficial do Bairro.

No dia 25 de Outubro, como já tinha sido determinado pela Câmara Municipal de Lisboa, realizou-se a inauguração do bairro, assim como de todos os serviços de assistência à população (Posto Médico, Igreja, Posto do Fiscal, Mocidade Portuguesa, entre outros) que nele existiam. Esta inauguração teve a presença do Chefe de Estado Marechal Óscar Carmona.

O Povo durante o dia acorreu na sua maioria para receber as personalidades vindas da cidade para visitaram o seu bairro.




sessão de cinema - a 1952Em dia de inauguração, os moradores tiveram direito a uma sessão de cinema que se destinava a veicular a ideologia do regime.


Caixa de texto: Foto 2 – Sessão de Cinema


«(…) Na sua maioria casais jovens e crianças foram os primeiros habitantes do Bairro da Boavista que na noite da inauguração oficial do mesmo mereceram uma sessão de cinema, oferta do regime político (…)».
 Jornal Novidades, 26 – 10 – 1941.



A Capela São José

Caixa de texto: Foto 3 – Inauguração da IgrejaI194A capela em dia de inauguração do bairro foi escoltada pela Legião da Mocidade Portuguesa. «(…) Mal se apeou, o Chefe de Estado foi o entusiasticamente aclamado pela população do bairro que se aglomerou junto da capela para aclamar (…)» - Jornal Novidades, 26 – 10 – 1941.


A Capela foi inaugurada pelo Sr. Cardeal Patriarca D. Manuel Gonçalves Cerejeira, bem como os equipamentos de saúde, assistência, instituições centrais do bairro. Todos estes serviços iam desenvolvendo uma função assistencial, apresentando um importante modelo de valores para a população.






Casas económicas, capela e assistência social“A Igreja ou capela de São José era bastante bonita e rodeada por diversas flores entre os quais chorões.” Maria de Lurdes e Luís Rainho.

Caixa de texto: Foto 4 – Centro Paroquial«(…) Depois dos cumprimentos, Sr. General Carmona, acompanhado pelo Sr. Cardeal Patriarca e das entidades oficiais, deu entrada na igreja admirando com o maior interesse os três altares na sua simplicidade e beleza (…)» - Jornal Diário Noticias, 26-10-1941


Bairro da Boavista - interior da capela
«(…) Toda a comitiva seguiu depois o Chefe de estado que penetrou na Capela vistosamente florida, em cujos altares se vêm imagens anteontem benzidas pelo Pároco local (…)» - Jornal Diário Noticias, 26-10-1941

Caixa de texto: Foto 5 – No interior da Igreja



Habitação

Desde 1940 até à actualidade, os moradores têm na sua mente a magia do Sr. Conde Bonfim e da sua simpatia e generosidade. 

“… O terreno pertencia ao Conde de Bonfim e destinava-se a construir casas para alojar as populações de outros bairros…” Cardina Santos, 72 anos.

“… O bairro surgiu porque foi uma Condessa que deu as casas ao podres e diziam que após cinco anos a viver na casa, a casa passava a ser das pessoas, facto que nunca chegou a acontecer...” Maria Odete de 71 anos.



« (...) cada casa tem à entrada 7 metros de terreno que alguns moradores converteram em hortas e outros em jardim (…)» - Jornal Novidade, 26-10-1941.

Obedecendo à topografia específica do terreno, as habitações ocuparam o corpo central e lateral do bairro. Construídas em “lusalite”, segundo o modelo de “casas desmontáveis”, foram implantadas em banda, as pequenas casas tinham um terreno com pouco metros quadrados, como quintal abertos para a rua, para possibilitar o isolamento e simultaneamente a convivência ao ar livre – a frente de uma dava para as traseiras de outras. Estas características foram transmitidas pelo modelo defendido pelo Estado Novo.
Bairro da Boavista - Rua D
“O bairro parecia um jardim… Existiam só casas de lusalite… nas janelas haviam um canteiro com flores. Cada casa tinha um quintal com uma cerca de madeira e também cancela também de madeira (não podia ser muito alta).” Inácia Mendes, 91 anos.
Caixa de texto: Foto 6 – Rua Rainha D. Maria


As casas do bairro tinham três tipologias, cada uma definida por uma cor. Na tipologia T1 foram construídas 44 casas, a casa era constituída por um quarto, uma pequena sala, a área total da casa média 15m2. As casas com a tipologia T2 mediam cerca de 20 m2 e eram de cor verdes, já com dois quartos e uma sala. As casas de tipologia T3 mediam 24m2, e foram construídas 180. Eram atribuídas a casais com filhos de sexos diferentes. As áreas eram tão reduzidas que as divisões não permitiam a colocação de portas interiores.

“Púnhamos cortinas a separar os quartos…”
“Tinham que dormir três e quatro na mesma cama, outros em divãs na sala.” Memórias de avós.

As casas foram atribuídas às famílias de acordo com o seu agregado familiar. Cada tipologia estava separada por cores, os mais idosos e os da segunda geração recordam a sua localização como sendo o bairro azul, bairro verde e bairro vermelho que por sua vez se subdividia em duas zonas – bairro vermelho de cima (junto ao actual Estádio Pina Manique) e o bairro vermelho de baixo (junto ao actual Parque de Campismo), este último com maior número de conflitos, por ter casas de tipologias T4 com a área de 28 m2, que eram atribuídas aos casais com maiores números de filhos.

As casas foram atribuídas já mobiladas oferecidas pelo município. Era mobiliário rústico alentejano, pintado conforme a cor da sua habitação. A cortina das janelas tinha riscas variado conforme a sua tipologia. Também o município ofertou aos moradores a água e a luz, ou seja, o consumo era gratuito (tinham apenas um número de horas para utilizar, e não podiam exceder o consumo estipulado).

Casas Económicas, interior duma casa, no bairro da Boavista - 1945As casas tinham mobiliário próprio: na sala havia uma mesa, quatro cadeiras, um armário, uma prateleira em madeira. No quarto havia uma cama, uma mesa-de-cabeceira em ferro e o colchão era de serapilheira e palha.


P1030135Caixa de texto: Foto 7 – Interior das Casas


Pode observar-se a estreiteza da sala. Parece desligada da realidade dos seus moradores, que sendo famílias numerosas em breve viram as suas casas já mobiladas e sobreocupadas.
Caixa de texto: Foto 8 - Balde do ducheA zona de higiene dispunha de sanita, lavatório e duche suspenso por um balde de alumínio pintado.

Todos os equipamentos sociais de apoio (Capela, Centro de Assistência Social, Posto Médico) foram construídos, em plano superior às habitações. Nos dois pólos laterais opostos foram construídos dois largos, onde ficaram sediadas as instalações das instituições de controlo social, nomeadamente a Legião Portuguesa, a Mocidade Portuguesa e o Posto do Fiscal, assim como as duas Escolas de Ensino Primário, a masculina nº. 125 (actualmente o Clube Desportivo Lisboa e Águias) e a feminina nº. 126 (actualmente o Clube Social e Desportivo).

A Gestão do Bairro 1941

A gestão do Bairro da Boavista foi passada para uma Comissão Administrativa local, que é autónoma nas suas decisões.
Esquema estrutural de serviços e funções:













Esta Comissão elaborou um Regulamento Interno e nele se podiam encontrar as normas que deviam ser obrigatoriamente cumpridas pela população, é de referir a sabedoria do Estado Novo, determinando o modo de viver, pensar, sentir, agir, e da sua cultura.
A Comissão Administrativa determinou o modelo de vida e exerceu o controlo social, determinou os regulamentos, normas de conduta e habitabilidade, fez a fiscalização, vigilância, punição, e reparações nas habitações e instituições.
Dispunha de um Posto Fiscal sediado no Largo Rainha D. Leonor, junto das instalações da Legião Portuguesa, com os seguintes elementos de trabalho.

«(…) 1 – Um fiscal
         2 – Um vigilante
         3 – Dois jardineiros
        4 – Uma servente de limpeza; (…)»
O Fiscal

O Fiscal tinha as seguintes funções:
«(…) 1 – Cobrar dos inquilinos de 1 a 8 de cada mês, as rendas das suas moradias e os excessos de consumo de água.
2 – Não permitir que os inquilinos recebam em suas casas quaisquer pessoas que não façam parte do seu agregado familiar, sem a devida autorização da Comissão Administrativa.
3 – Não consentir que os moradores possuam cães, gatos ou criação no interior das suas residências.
4 – Não permitir (…) que transgridam qualquer postura municipal e muito especialmente que façam lume fora da chaminé; que efectuem as construções ou mesmo vedações sem autorização prévia da C.M.L; que estendam roupa fora do local próprio (estendal do bairro); que andem na rua com os pés descalços; que efectuem no bairro a venda ambulante de quaisquer produtos que se encontrem à venda no respectivo mercado; que tenham capoeiras sem prévia autorização, que peçam esmola.
5 – Não consentir que os inquilinos tenham nas suas moradias telefonias ou alterem a instalação eléctrica.
6 – Não permitir que os inquilinos tenham na sua moradia lâmpadas de voltagem superior a 25W.
7 – Apreender a todos os inquilinos o material eléctrico que não seja o da primitiva instalação. (…)»

As famílias que não cumpriam os regulamentos eram transferidas para bairros ainda mais afastados da cidade.

“O fiscal era o Sr. Ribeiro, polícia da Câmara, e não deixava parar ninguém na rua. Por vezes havia capoeiras nos quintais, mas quando o fiscal descobria eram destruídas” (Maria, 89 anos)

O Fiscal do bairro conhecido pelas alcunhas: Grafonola, Arsénio e Bigodinho tinha ao seu encargo 488 habitações, poder-se-á perguntar como podia um fiscal com ajuda de um vigilante exercer tão rígidas funções de controlo social. Por certo recorrendo a uso da vizinhança como controladores.

Entre muitas outras acções competia ainda o fiscal:

«(…) Enviar diariamente, para secretaria uma comunicação onde conste
- Vidros partidos em moradias
- Admissão de novos inquilinos
- Transferências de casas entre os novos inquilinos
- Recepção de móveis que tenham sido enviados pela C.A para qualquer moradia
- Saída de móveis da casa de inquilinos para a arrecadação da C.A
- Comunicar em relação mensal à C.A. e ao Centro Social, as moradas das casas que tenham visto em mau estado de limpeza e conservação.
- Obrigar o inquilino a repor os materiais partidos (vidros, portas, janelas, etc.)
- Comunicar em relação mensal à C.A as moradas das casas que julguem necessário receber beneficiação. (…)»

Outra figura relevante das ruas era o vigilante que entre funções “vigiava” para comunicar ao fiscal:

«(…) Nas ruas: Evitar que as pessoas transitem pelos relvados e ajardinamentos, após várias vezes avisados comunicar ao fiscal.
Impedir que a rapaziada jogue à bola nas ruas o que torne prejudiciais os espaços dos outros, incluindo discussões provocadas pela bola.
Ao notar qualquer discussão procurar pôr-lhe termo, quando não consiga chamar o fiscal ou dar-lhe conhecimento, desde que na altura o não encontre;
Evitar que os inquilinos lancem lixo ou resíduos para as ruas.
Evitar que os inquilinos estendam roupa á porta ou conservem no logradouro papeis, trapos ou outras sucatas;
Ter em atenção o pouco cuidado dos inquilinos que deixam luzes acesas, torneiras abertas (se bem que mais difícil de verificar).»








As Ruas

Os eixos estruturantes do tráfego eram a Rua Rainha D. Maria I, estrutura central do núcleo habitacional e considerada a avenida principal (actualmente chama-se a rua do comercio), terminando em frente à Capela.

Duas ruas paralelas demarcavam zonas significativas:
a)     Rua Rainha D. Brites onde se situam os serviços (religiosos, assistenciais e de saúde), o lavadouro e o mercado.
b)     Rua Rainha D. Catarina, ligando os dois largos
c)     Largo Rainha Santa Isabel onde se situava a Escola Masculina (nº. 125)
d)     Largo Rainha Santa Leonor, com bancos e árvores como o anterior, nele se situava a Escola Feminina (nº. 126) e o Posto Fiscal da C.M.L. / Centro da Mocidade Portuguesa.

A sua toponímia fazia lembrar um jardim: rua das Maravilhas, Margaridas, Manjericos, Narcisos, Violetas, Jacintos, Verbenas, Girassóis, Açucenas, Lírios, Dálias, Pasquilhas, Madressilvas, Verónica, Hortênsias e Perpétuas. Existia também a rua dos Bons Dias, Casadinhos e Saudades.

As ruas com nome de flores eram cortadas ao trânsito por serem estreitas, com calçada à portuguesa e inclinação ao centro, de modo a escoar as águas fluviais que escorriam, vindas da serra. 


 Nas ruas eram decoradas em dias festivos, nomeadamente as festas religiosas nas quais as procissões por elas passavam, tendo sido a primeira procissão realizada no ano de 1942.

- Em Março, dia 19 dedicado a São José
- Após a Páscoa, a Visita do Compasso
- Em Maio, no dia 15 dedicada a Nossa Senhora de Fátima



Espaços de Convivência

Em pólos apostos, acima do plano das habitações, existiam dois espaços geradores de convivência e conflitualidade: o mercado e os tanques de lavagem de roupa que são referidos por todos que os utilizavam, fazendo fila para conseguir espaço para utilizar.

O mercado que vemos na imagem abaixo, sofreu um incêndio em 1950 (actualmente o mercado já não existe).
I199
Os tanques de lavagem colectiva eram geridos e utilizados pelas mulheres. Estas deslocavam-se para o lavadouro e tinham que ficar junto dele até a roupa secar. Os filhos que não frequentavam a escola teriam que as acompanhar, brincando pelas zonas contíguas.
Caixa de texto: Foto 9 – Praça do bairro

“Entrei a trabalhar para creche na esfrega (1968), para marcar 3 tanques onde colocávamos fraldas, lavávamos e estendíamos o dia inteiro”. Luísa Albuquerque.

Mas no lavadouro era necessário cumprir regras rigorosas que eram controladas pelo vigilante.

Abaixo estão descritas informações relativas ao regulamento de serviço interno da Comissão de Administração dos Bairros de Casas Desmontáveis:
«(…) b) Lavadouro e estendal – não consentir que pessoas estranhas ao bairro os utilizem e evitar que as moradoras lancem papéis, trapos e outras coisas para os canais que conduzem a água para o esgoto, ou até mesmo para o pavimento, a fim de se evitar a obstrução; não consentir que os garotos se pendurem nos arames do estendal e nos suportes dos mesmos, o que é prejudicial (…)»


Casamentos e Baptizados da época

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O Estado Novo ao considerar a família como cédula base queria-a legalizada segundo o ritual sacramental da Igreja Católica. Assim determinava que os casais para residir no bairro teriam que ser obrigatoriamente casados.

“Para se morar neste bairro era obrigatório casar pela igreja, quem não o fizesse era posto na rua” Memória de Inácia Mendes de 91 anos.

I174Para exemplo de todos, era conveniente que o casamento do vigilante se realizasse em primeiro lugar.
Caixa de texto: Foto 10 – Certidão de Matrimónio



Caixa de texto: Foto 11 – Conde com Bonfim e os noivos«(…) No dia 26 de Outubro foi celebrada a primeira missa e realizou-se o casamento do vigilante, o Ministro das Finanças e a sua esposa formam os padrinhos de casamento do vigilante, o conde Bonfim testemunhou o momento.


Uma semana depois, o Sr. Bispo de Helenopole, D. Manuel Trindade presidiu á cerimónia de 14 casamentos na Capela São José.

Pelos recortes de jornais da época poder-se-á verificar a presença de altas figuras de sociedade ligadas a cargos de Administração Pública a apadrinhar os enlaces matrimoniais, com o nome do Sr. Conde de Bonfim que consta na quase totalidade dos casamentos na época.

Serviços Médicos

« (…) Nomeado o médico, foi necessário mobilar o gabinete clínico e comprar o material indispensável.
A obra das mães, instituição sediada no bairro, prontificou-se a adquirir o mobiliário e o material precisos e as consultas médicas iniciaram-se a 21 de Janeiro 1941 (…)»

Tendo o bairro começado a ser habitado em 1940, verifica-se que o trabalho de acolhimento e de inspecção sanitária era intenso e já se registava falta de recursos humanos.

« (…) Até ao mês de Novembro a assistência médica foi feita por um único clínico que tinha em média 33 consultas por dia e 4 visitas domiciliárias (…) as consultas eram bissemanais e nos outros dias faziam-se todos os tratamentos de enfermagem indicados pelo médico (…) os doentes recorriam ao posto clínico em tão grande quantidade que foi necessário limitar o número de admissões a cada consulta… os tratamentos de enfermagem (injecções e pensos) aumentaram de tal modo que pouco mais foi possível fazer (…)»


Relatório de actividades sociais do bairro ao ano 1942 e 1943, assinalados pela assistente social.

(…) Os serviços do Dispensário Médico funcionaram 2 vezes por semana, tendo havido uma frequência média de 21 doentes. Houve 9 óbitos sendo 5 homens e 4 mulheres (…)»

Para o transporte de doentes em urgência os serviços de assistência e saúde recorriam aos Bombeiros Voluntários de Lisboa, visto não haver transportes públicos, nem carros de aluguer.


Em 1942 deu-se inicio às consultas de Pré-Natal, nesse mesmo ano viviam 800 famílias no bairro.
«(…) Serviços Médicos:
  1. Consulta Pré-Natal
  2. Maternidade


« (…) Esta pequena maternidade foi, sem dúvida, uma das obras de assistência mais interessantes realizadas no bairro, pois que tanto sob o ponto de vista higiénico como moral, veio trazer grandes vantagens às famílias pobres (…) não oferece as vantagens de outras maternidades (…)»



O quadro em baixo refere-se às consultas pré-natais efectuadas na maternidade do bairro, sem que se refira o número de partos.

Em 1943 a maternidade do bairro fez 69 partos, tendo em média 6 nascimentos por mês.








A Creche

Em 1943 a Comissão Administrativa foi alertada para a necessidade de uma creche no bairro. Esta nasceu no mesmo ano, e teve a sua primeira morada na Casa de Trabalho (que dependia do Centro Social e Paroquial). A Casa de Trabalho não se revelou, no entanto, perfeitamente preparada para a acolher:

“(…) Com quanto a Casa de Trabalho já dê grande satisfação pelo seu bom funcionamento, um facto há que vem perturbar a ordem: as crianças de idade escolar ou jardim-de-infância que aí são guardadas na ausência da mãe (…)”

Eram acolhidas na Casa de Trabalho crianças cujas mães frequentavam actividades de formação ou eram apoiadas pelo Centro Social no sentido da inserção laboral. Era concedida prioridade de admissão em casos de “incúria da mãe” ou por indicação médica.


Bairro da Boavista- 1940A Escola Primária

Caixa de texto: Foto 12 – Alpendre da Escola primáriaDe acordo com as filosofias da época foram implantadas no bairro duas escolas primárias, a Masculina nº. 125 e a Feminina nº. 126. Questionada em 1998, a população não guardava memórias da sua frequência, isto porque devido às dificuldades económicas, ao analfabetismo e ao desemprego, a frequência da escola não era reconhecida como prioritária.




“(…) Quando tinha 9 anos a minha mãe tirou-me da escola. Andava à monda da ceifa de trigo nos campos do outro lado da estrada, ganhava como as mulheres, 2$50, só quem trabalhava muito é que recebia 3$50.” (Adélia Craveiro, 75 anos)


Para complemento da acção doutrinária da escola, era obrigatória a frequência das actividades da Mocidade Portuguesa. Depois das aulas os rapazes do bairro participavam nos trabalhos de florestação da Serra de Monsanto.


Um relatório mensal da Comissão Administrativa descreve detalhadamente a problemática que os rapazes do bairro apresentavam na sua generalidade: abandono escolar, mendicidade, ociosidade e actos de roubo/furto.


2ª Fase de Implantação – 1945 a 1960

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Caixa de texto: Foto 13 – Planta do Bairro de 1960


A partir, sobretudo dos anos 40, começa o fenómeno de ocupação de terrenos camarários que haviam sido expropriados para outros fins.
O insucesso dos bairros de alojamento provisório feitos com materiais precários conduziu à alteração do modelo de construção de bairros para alojamento de famílias pobres. O Decreto-lei nº. 34486 De 1945 propunha a sua integração nos planos de urbanização já existentes com a construção das casas definitivas mantendo-se na primeira fase unifamiliares.
Verificou-se assim, a segunda fase de implantação do Bairro da Boavista (1945) que inicialmente era destinado ao realojamento temporário dos habitantes do Parque de Monsanto.
As casas construídas na 1ª fase de implantação davam sinais de deterioração.


As novas habitações, igualmente construídas em lusalite, mas já com revestimento interior em estuque para reforçar os materiais, foram implantadas em banda contínua sem alvéolos, distribuídas por dois quarteirões. As casas passaram a ter uma segunda porta para o quintal das traseiras. É nesta fase que surge a casa de tipologia quatro.
O bairro, que deveria ter carácter provisório, foi então ampliado com mais 220 casas.



Caixa de texto: Foto 14 – Rua Rainha D. CatarinaI200Estas moradias foram implantadas a partir da Rua Rainha D. Catarina, até então no limite do bairro a poente, e estenderam-se numa faixa de terreno existente até à estrada da circunvalação. As frentes da primeira banda davam para a Rua Rainha D. Catarina com degraus de acesso à entrada, devido ao desnível do terreno; as vias de separação eram já mais largas.


Igualmente nesta zona foram destinados terrenos, que podiam ser alugados pelos moradores, para hortas e quintais com criação de animais; alguns dispunham de poços que os locatários mandavam abrir (“Os quintais tinham hortas bem arranjadas e bonitas e também tinham poços” - Cardina Santos, 72 anos).

Neste ano, no prolongamento destes terrenos para a zona norte, junto ao actual Estádio Pina Manique, surgiu, por incentivo do capelão da Igreja de S. José e da D. Maria Santos, assistente social no bairro de 1942 a 1946, um campo de futebol. Em breve se criou também o Clube Desportivo Lisboa e Águias, que foi inscrito na federação Portuguesa de Futebol no dia 03-01-1945. 

«(…) É da sua iniciativa um campo de futebol que correspondia a um legítimo anseio da mocidade do bairro… Era uma maneira de atrair a juventude para o desporto (…)»

As casas destinavam-se prioritariamente à transferência de famílias que viam aumentado o seu núcleo familiar com o nascimento de mais filhos. No entanto, só poderiam merecê-lo se não tivessem registo de castigos pelo fiscal do bairro. As rendas eram de 80, 90 e 100 escudos para as diferentes tipologias.

Um relatório datado de 1958 relatava o estado de deterioração destas habitações:

“(…) As portas e janelas não têm vidros, tendo em seu lugar trapos e papéis para evitar que a água entre… este estado de abandono cria um espírito de revolta, pois muitos deles vieram de «bairros de latas» para agora habitarem casas em piores condições do que as que tinham (…)”

Estas habitações permaneceram até 1996, agravando-se o seu estado de deterioração. À medida que se tornava possível o realojamento, estas casas foram demolidas para construir novas habitações.



Assistência Pública

Em 1958, a SCML planeou “remodelar o sector da assistência alimentar substituindo a então «sopa dos podres» por refeitórios, com redução dos centros de produção e aumento dos postos de distribuição de sopa e pão”.
Terá sido provavelmente a partir desta alteração que surgiu no bairro um posto de distribuição de sopa e pão, no local dos actuais pombais, conhecida por “Sopa do Barroso”:


“No local dos actuais pombais existia um pavilhão onde davam a sopa aos pobres (sopa e pão). No Natal era rancho melhorado.” Maria Odete Santos, 61 anos.



“ A menina Aida, que morava na rua D. Catarina, era quem dava a sopa do Barroso e o pão, eram dadas senhas às pessoas e isto era tudo dado pela Santa Casa.”



3ª Fase da Implantação – 1961 a 1970

Habitação

Foram neste período construídas 38 casas de alvenaria, com um piso, com telhado de fibrocimento (T2 – 18 casas e T3-20 casas), implantadas em banda continua com pequenos logradouros para as traseiras, abandonando-se a filosofia de transitoriedade subjacente ao inicio do bairro.
Esta nova fase de construção melhora os materiais no interior, mas mantém:
- O aspecto exterior;
- As áreas reduzidas;
- A precariedade de condições de impermeabilidade e insonorização;
- A ausência de portas interiores.

Da década de 60, a população do bairro aumentou cerca de 50 %, devido a famílias que vieram de diversos locais da cidade de Lisboa. Era imperioso para continuar a renovação da cidade, “limpar” em especial a zona de Alcântara onde se preparava a construção da primeira Ponte sobre o Tejo.

As populações transferidas para o bairro, não tendo comum a origem da história, vieram determinar profundas alterações no núcleo original. Geraram-se inicialmente processos de rejeição que iam ou não sendo revolvidos se as populações recém-chegadas se fossem “aculturando”. Surge, assim, o conceito de “filho do bairro” que ainda permanece sempre que é necessário justificar um direito.


Encontrando-se este bairro na 3ª fase de implantação, verifica-se que se mantém as condições de isolamento da fase inicial, o que determina, em parte, as dificuldades de inserção social.

“Não havia autocarros, só eléctricos em Benfica e Algés. Tínhamos de ir a pé até ao transporte.” Maria Odete Santos, 72 anos.

Só em 1969 este isolamento foi quebrado com o início da passagem de transportes públicos dentro do bairro (autocarro nº. 11 da Carris).

A degradação das habitações iniciais e a sobre ocupação veio manifestar a fragilidade do sistema de poder e sinais de mudança foram surgindo no bairro, tendo sido destruído o lavadouro e o estendal público, passando a população a usar o direito de lavagem de roupa nas suas residências.

Cópia de I201

O comércio local foi-se desenvolvendo exteriormente ao mercado, com a instalação de leitaria, mercearia e a surgiu no bairro uma feira semanal.

Caixa de texto: Foto 15 – Feira do bairro

Foi construído pela Câmara Municipal de Lisboa um Salão de Festas que a população designava por “Os Unidos”, onde se realizavam festas de casamentos, baptizados e o acolhimento dos soldados vindos da guerra

Na década de 1960 as ruas eram animadas com desfiles de Carnaval (na Rua Rainha D. Catarina) e pelos Santos Populares com o concurso da melhor rua enfeitada.

“Os santos populares eram um acontecimento muito bonito.” Maria Alice, 78 anos.



4ª Fase de Implantação – 1971 a 1975

Habitação

Caixa de texto: Foto 16 – Alvenaria Em 1971 foram construídos mais 510 fogos em terrenos do parque florestal estendendo-se até à circular interna de Monsanto, situados acima da zona de implantação dos Serviços de Apoio Social. São pequenas moradias unifamiliares de rés-do-chão e primeiro andar (T1 a T4) construídas em alvenaria, com estrutura de betão e cobertura de fibrocimento, igualmente em banda contínua, mantendo os pequenos logradouros. As rendas técnicas praticadas eram de 285$00 (T1), 484$00 (T2), 605$00 (T3), 725$00 (T4).

Foi designado por “Bairro Novo da Boavista” com as ruas numeradas (ex. Rua 1, Rua 2, etc.).

Esta nova fase destinava-se a permitir desdobramentos às famílias, que já na 3ª geração, viviam em sobrelotação.
Caixa de texto: Foto 17 – Casas novasEm 1972 foi definido pela C.M.L. que o realojamento de famílias residentes em bairros degradados teria que ser realizado nessa mesma área, condicionando-se assim a entrada de novos habitantes; havia que realojar primeiro os moradores no bairro visto as suas habitações se encontrarem muito degradadas.

Após o Golpe de estado de 25 de Abril de 1974 verificou-se uma invasão maciça no bairro e a ocupação desorganizada destas moradias. Estas foram ocupadas com o apoio dos militares U.D.P. (segundo memórias populares).

“Os meus pais vieram para o bairro, logo no princípio, mas como não quiseram casar foram expulsos. O meu pai fez um buraco na estrada da Circunvalação (foi ai que fui atropelada). Quando foi a revolução eu meti-me numa casa com os meus filhos e já não sai de lá, foi a tropa e a UDP que me ajudaram.” Memórias de uma avó com 63 anos.

“A minha mãe morava na rua das violetas nº. 43 E foi posta fora do bairro porque a minha irmã andou à tareia com a filha da vizinha. As duas (a minha mãe e a vizinha) foram expulsas do bairro – fizeram uma barraca na Estrada da Circunvalação, mas no 25 de Abril viemos morar para o bairro e ocupamos duas casas” Memórias de Delfina filha da Irene Peixeira.

Outra parte destes fogos foram ocupados por familiares dos moradores, e outros que, vivendo fora do bairro, nele se instalaram por oportunismo.
Após a revolução de Abril a quebra de normas veio determinar a instabilidade, a insegurança e a perda de identidade. Sem as instituições de controlo social a população passou a alterar profundamente as condições urbanísticas que já se encontravam em adiantada fase de degradação:

- Pela construção de anexos nos logradouros e estreitamento das vias públicas;
- Pela ausência de obras de beneficiação e conservação que se arrastavam por longa data;
- Pela ausência de conservação dos jardins e espaços públicos;
- Pelo aumento de número de pessoas em cada habitação, com a esperança de adquirirem novos fogos com o desdobramento.

Encontrando-se devolutas as instalações da Legião Portuguesa, da Mocidade Portuguesa e o Posto Fiscal foram igualmente ocupadas. O clube “Os Unidos” deixou o barracão de festas e ocupou o Centro da Mocidade Portuguesa, no largo Rainha D. Leonor, convertendo-se no “Clube Social e Desportivo do Bairro da Boavista” em 17 Junho de 1974.

“ Foi uma loucura. A ordem era rasgar e queimar tudo que havia, muitas coisas foram roubadas.” Memórias de Populares.

Tendo resistido ao tempo e às mudanças permanecem alguns móveis antigos e uma pequena parte da louça, peças da Viúva Lamego, eram utilizadas nas refeições dos dirigentes e do pessoal de serviço.


Realojamento – 1976 a 2000

Habitação

Esta fase, ainda em curso, iniciou-se em 1976, com a demolição de 90 barracas no bairro vermelho de cima (quarteirão norte) e de 90 barracas no bairro vermelho de baixo (quarteirão Sul). Foram construídos 80 fogos de unidades habitacionais de imóveis de 3 andares, igualmente em banda.
As duas escolas existentes encontravam-se igualmente degradadas e inadequadas. Foi iniciada a construção de um bloco escolar para viabilizar a transferência de funções (actualmente escola Básica nº. 125 está situada na Rua 4), foram conquistando terrenos à Serra chegando à circular interna de Monsanto.

Como era necessário realojar de imediato para poder demolir e de seguida construir no local, os 80 fogos de 1978 foram construídos em terrenos do parque florestal e receberam letras A, B, C e D para sua designação; acolheram famílias que habitavam o “bairro vermelho de baixo”.
De seguida construi-se um bloco de 4 prédios, com lojas, nelas funcionam o Centro de Acolhimento Infantil - SCML, Serviços de Saúde e os Serviços da Paróquia de São José.
Entre 1980/1984 foram construídos e atribuídos no bairro 13 lotes de cinco pisos sem elevador, com um total de 230 fogos de diversas tipologias (T1 a T3).
Esta construção decorreu do âmbito do realojamento local, abrangendo famílias que residiam numa parte da zona do “bairro velho”.

Na década de 1980 a segunda rua foi aberta à Circular Interna de Monsanto, possibilitando o escoamento de trânsito pelas diversas vias de acesso a Lisboa.
http://c5.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/nf202c07b/3057290_HcSCC.jpegFoi construído posto da Policia Segurança Pública.
O bairro apenas pode dispor de uma farmácia no ano 1991, que foi instalada num pequeno contentor, justificando uma situação provisória.

Em 1987, foi assinado o “Programa de Intervenção de Médio Prazo – PIMP”, visando a C.M.L. a construção de habitação destinada à erradicação de barracas.
Caixa de texto: Foto 18 – Presidente da Câmara, Dr. João SoaresO projecto de realojamento local da zona designada por “bairro velho da Boavista” foi retomado no âmbito deste projecto, com a previsão da construção de 759 fogos. Esta foi efectuada por fases, em diversas empreitadas, que implicaram a prévia desafectação das parcelas dos terrenos necessários à construção.
Assim. No âmbito do PIMP, entre 1988-1996:
- Foram demolidos 557 fogos “velhos” (erradicação total) e abrangidas pelo projecto as famílias residentes.
- Foram construídos 30 lotes, designados por números, com um total de 541 fogos, com diversas tipologias (T1 a T4). Destes lotes, 18 são de cinco pisos, seis dos quais com elevador. Os restantes 12 lotes vieram substituir o núcleo central do velho casario, dando origem a dois quarteirões quadrangulares pontualizados por imóveis de 7 andares em banda, criando no seu interior um espaço lúdico. No exterior apresentam espaços (no R/c) destinados a todo o equipamento comercial e serviços já existentes no bairro (PSP, Delegação da Junta, Farmácia, Mercearia, Leitaria, Mercado).

No ano 1990 o candidato a Primeiro-Ministro pelo PS, Dr. António Guterres visita o Bairro da Boavista para inaugurar a delegação da Junta de Freguesia de Benfica, a funcionar num pré-fabricado.




Gestão do bairro

No dia 1 de Maio de 1997, a Câmara Municipal de Lisboa para fazer face às necessidades actuais da gestão da habitação de bairros municipais criou Gebalis – Empresa Gestão dos Bairros Municipais de Lisboa, Empresa Pública, que conforme afirma o vereador Vasco Franco:

“(…) Trata-se de uma empresa municipal, com um funcionamento muito descentralizado e ágil, que permite elevados níveis de eficácia na gestão dos novos bairros construídos no âmbito dos programas de erradicação de barracas”.

A sua missão como empresa é a gestão, manutenção e modernização dos bairros municipais promovendo a integração social dos seus moradores, tendo como principais objectivos:
- Melhorias da imagem dos bairros;
- Conservação dos edifícios e dos espaços exteriores.
- Desenvolvimento social.
- Promoção da qualidade de vida.
- Pleno exercício da cidadania.
Organograma da Gebalis















O parque edificado no Bairro da Boavista é em 1998 de 520 moradias unifamiliares e de 1039 fogos em edifícios.

As receitas desta empresa provêm quase exclusivamente de uma percentagem das rendas atribuídas a cada fogo.

Sobre as rendas é uma nova atitude dos respectivos moradores.

«As rendas que praticamos em todos os bairros são sempre inferiores à renda técnica; consequentemente são sempre baixas e calculadas em função do rendimento familiar, estando indexadas a este… os moradores dos bairros municipais não deverão esquecer o privilégio que têm por viverem em habitações com boa qualidade e bem localizadas em Lisboa. Por isso deverão tratar os seus bairros e integrarem-se na sua vivência, lutando pela sua conservação e valorização.» Presidente da Gebalis

Ao longos dos anos a Gebalis tem vindo a fechar casas na alvenaria quando os antigos moradores tiveram oportunidades para ir uma casa melhor e mais espaçosa.

No entanto, existem muitos casos de pedidos de famílias que vivem nas alvenarias a mais de dois anos esperam casa. E o prazo é de 120 dias, 60 dias avaliam se tem ou não direito uma casa maior, os outros 60 dias é tratar das burocracias as e estipular uma renda. Nas casas das alvenarias estas famílias pagam entre 1 a 50 euros, depois ter passado para as novas casas o valor aumenta cerca de 150% ou até mais. As rendas são avaliadas mediante o ordenado global da família.

Em exemplo: Uma família no seu global ganho 1000 euro mensais. Mas tendo pessoas doentes, ou vários filhos a estudar ou outra situação que a Gebalis acha que devem abaixar a percentagem da renda abaixam, se não fica com 25% do ordenado global.



PSP

http://c10.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/n5e027275/5090829_61I6q.jpegEm 1999 foi Inauguração a 43ª Esquadra PSP no Bairro da Boavista, O ministro da Administração Interna, Jorge Coelho, acompanhado pelo presidente da Câmara Municipal de Lisboa, João Soares, e pelo Comandante Geral da PSP, Gonçalves Amaro, um pouco antes da inauguração da nova esquadra do Bairro da Boavista.
Caixa de texto: Foto 19 – Inauguração da esquadra da PSP




I212Espaços Sociais

Caixa de texto: Foto 20 – Recorte de JornalNo local onde esteve instalado o jardim-de-infância da década 40, nos finais 1997 foi iniciada uma construção que se esperava ser destinada aos equipamentos de infância, porém a placa de identificação da obra referia uma construção para as instalações de centro de Dia, Associação de reformados, ATL – Putos Traquinas e uma creche. Este equipamento sofreu vários atrasos, após de três anos, já em 2001 abriu as portas. Mas a meio gás, devido o ramal da electricidade ser das obras e não aguentava a carga, só foi substituída durante 2006.



Este edifício tem elevador mas nunca funcionou, nem a CM - Lisboa nem a JF- Benfica não querem ficar em carregue pela manutenção do elevador. Actualmente continua parado sem qualquer utilização.


Actualmente estes espaços estão a ser utilizados pelas seguintes entidades:

- Centro Dia da SCML com apoio aos idosos
- Centro de Saúde da SCML com apoio as famílias da SCML
- Serviços de Apoio à Família e a Comunidade da SCML (famílias em risco)
- Associação Templos Livres “Putos Traquinas” (Tempos – Livres)
- Delegação da Junta de Freguesia de Benfica
- Projecto Ser Maior - Programa Escolhas (crianças e jovens)

E ultimamente foi instalado o Gabinete de Inserção Profissional, este espaço é gerido pela Junta de Freguesia de Benfica e funcionará no 1º andar no Centro Social e Polivalente do Bairro da Boavista, em Lisboa sito na rua Rainha Dona Brites.

Têm como objectivo apoiar jovens e adultos desempregados na definição ou desenvolvimento do seu percurso de inserção ou reinserção no mercado de trabalho, em estreita articulação com o Centro de Emprego de Pedralvas em Benfica e em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).

O G.I.P. desenvolve as seguintes actividades:

- Informação profissional para jovens e adultos desempregados;
- Apoio à procura activa de emprego;
- Acompanhamento personalizado dos desempregados em fase de inserção ou reinserção profissional;
- Encaminhamento para ofertas de qualificação;
- Divulgação e encaminhamento para medidas de apoio ao emprego, qualificação e empreendedorismo;
- Divulgação de programas comunitários que promovam a mobilidade no emprego e na formação profissional no espaço europeu;
- Motivação e apoio à participação em ocupações temporárias ou actividades em regime de voluntariado, que facilitem a inserção no mercado de trabalho;
- Outras actividades consideradas necessárias aos desempregados inscritos nos Centros de Emprego;
- Captação de ofertas de entidades empregadoras:
(Temos informações importantes para as empresas)
- Controlo de apresentação periódica dos beneficiários das prestações de desemprego;
- Divulgação de ofertas de emprego e actividades de colocação


Escola básica nº 125 do Bairro da Boavista está situada na parte superior do bairro. Actualmente tem 350 crianças a frequentar a pré-escolar e o ensino básico.

O Centro de Acolhimento Infantil está a funcionar a mais de duas décadas nas caves dos lotes 52 e 53. Neste momento tem 100 crianças desde os 6 meses de idade até aos 5 anos.


Gebalis, neste momento tem ao seu encargo no Bairro da Boavista 1500 (+/-), através do presidente da Gebalis, Dr. Luís Marques a estatística média é 3.5 moradores por cada casa. Quer dizer que no bairro da Boavista vivem 5250 pessoas.


Eco - Bairro
A Câmara Municipal de Lisboa quer implantar no bairro, um eco bairro.

O que é um Eco - Bairro?
Eco – Bairro, é utilizar o que temos mais acessível, com por exemplo a água, o sol e o vento. Todos em nossas casas gastamos alguns litros de agua, estes e outros podem ser aproveitados na criação de depósitos de agua no subsolo, toda a agua vai escoar para lá, a agua será filtrada e a reaproveitada para sistema de rega. Também colocando painéis solares nos lotes, ou eólicas.

 A Câmara trabalhou-o durante 2 anos no projecto Eco – Bairro para o Bairro da Boavista Recentemente foi apresentado na Comunidade Europeia, no próximo mês de Janeiro de 2010 será dado uma resposta. Se apoiam ou não o projecto.

O primeiro Eco – Bairro é Vauban na Alemanha e levou 10 anos a ser construído! Deveremos começar a fazê-lo em Lisboa, de forma sustentada e programada. A adaptação face à nossa realidade, desde que cumpridos os requisitos base de um eco bairro, deve ser equacionada para respectiva implementação.

Projecto Ser Maior – Escolhas

Este ano foi a Associação Cativar & Mudar que avançou com a candidatura do projecto Ser Maior. Foi um dos 320 projectos aprovados do Programa Escolhas Este projecto vem dar continuidade ao trabalho desenvolvido desde a 1ª Geração do Programa Escolhas (2001) no Bairro da Boavista. Um dos objectivos deste projecto é promover a inserção escolar, profissional e social de crianças e jovens, diminuindo o insucesso, absentismo e abandono escolar, e aumentando a qualificação escolar e profissional.


Quantos Vivem no bairro?

Pois, não sei… Através da Junta de Freguesia de Benfica não sabem. Tento falar com a Gebalis, dão uma media de 3.5 por fogo. E por fim o Instituto Nacional Estatística realizou os sensos 2001 porta a porta, mas só avaliam por freguesia e não por zonas.


Futuras Promessas

Na sequência da visita em campanha eleitoral do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa prometeu alguns equipamentos aos moradores. A construção da praça. Por ser um bairro isolado e de deslocarem para zonas longes a criação duma praça era ideal para dar resposta aos vendedores ambulantes

Colocação de posto de correios, porque muitos idosos tem de ir a Benfica levantar as suas reformas.

Criação do Centro de Saúde no Bairro da Boavista, a mais próxima fica a 3 km de distância, para chegar até lá tem de ser de autocarro.

Duas creches, o bairro tem uma mais não consegue dar resposta aos pedidos dos moradores.

Também a Igreja São José vai ser demolida para crescer o Centro Paroquial. Incluindo uma casa mortuária

Criação dum grupo de escuteiros no bairro.
















Conclusão


Este projecto retrata um pouco a história do Bairro da Boavista desde o seu nascimento até actualidade.

Este bairro foi criado para acolher várias famílias dos mais diversos pontos da cidade de Lisboa que viviam em autênticas barracas. Outras tiveram que sair das suas casas para dar início ao viaduto Eduardo Pacheco e mais tarde à ponte 25 de Abril que nessa altura se chamava ponte de Salazar.

O Bairro foi construído por fases. No primeiro ano foram 488 casas. Começou-se por casas de lusalite que actualmente não existem. Hoje o bairro é composto por vários prédios. Existem pouco mais de 1500 casas, mas prevê-se que o número aumente com as obras que vão ser realizadas na Alvenaria.

Através dos moradores mais antigos pudemos ver que ainda existe o “assombramento” dos fiscais, pessoas regidas… Gostavam ver tudo perfeito.

Aqui existem vários serviços sociais, como por exemplo o Centro de Dia, Associações Desportivas, Associações de Lazer, Espaços Jovens, uma Creche entre outras. Actualmente existe unidade de saúde da SCML mas não atende toda a população. A grande maioria tem de ser atendida em Benfica. Futuramente será criado o Centro de Saúde nos terrenos junto da igreja do bairro para dar respostas a falta de cuidados médicos.

Neste bairro vivem cerca de 12 mil pessoas em números redondos que as entidades competentes têm medo em assumir. Tentei saber dados reais mas nenhuma tem esses dados nem estatísticas.

Bom, é isto o Bairro da Boavista!




Bibliografia

Tese doutoramento Dra. Maria Manuela Pedro Ferreira com Tema: Um Jardim de Infância em Mudança com a Comunidade – correio electrónico: manela.ferreira@sapo.pt

Ana Paula Figueiredo (moradora do bairro) – Textos, fotos e toda ajuda na criação deste projecta – e-mail: ana.paula.figueiredo@hotmail.com

Gebalis `EM – www.gebalis.pt
- Outro Bairro

Câmara Municipal de Lisboa (vários departamentos) – www.cm-lisboa.pt

Arquivo Santa Casa Misericórdia de Lisboa – www.scml.pt

- Arquivo Fotográfico

Arquivo Fotográfico

Junta de Freguesia de Benfica – www.jf-benfica.pt


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